163 fragmentos concretizam a ficção irônica de Memórias Sentimentais de João Miramar, 
que inclui setenta e uma personagens, todos tipos, inclusive Miramar. Os fragmentos são compostos de variados tipos de discursos como cartas, 
citações, impressões, diálogos, descrições, relatos, poemas; e o nexo que 
relaciona uns aos outros dilui-se facilmente. As associações podem ser feitas 
por estarem próximos uns aos outros, numa quase seqüência subterrânea, que 
sugere a trajetória da personagem Miramar. Isso faz da fábula uma organização 
pouco precisa, mas que permite vislumbrar Miramar na infância e adolescência, 
com amizades escolares e relações familiares; sua viagem precoce à Europa, as 
experiências várias dessa aventura; e o posterior Miramar, de volta ao Brasil, 
em suas relações de trabalho, negócios e amizades, em seu crescente desacerto 
com a esposa paralelo ao envolvimento com a amante (Rolah), em sua derrocada 
econômica e sentimental e, finalmente, em seu tempo de escritura das 
memórias. Composto
            entre l925 e 1929 e publicado em 1933, Serafim Ponte Grande, junto a
            Memórias Sentimentais de João Miramar, constituem os maiores
            romances de invenção de Oswald de Andrade. Tudo
            neste texto representa um desafio ao leitor; uma história difícil
            de ser acompanhada; em vez de capítulos, 203 fragmentos organizados
            dos mais diversos modos; um herói que se confunde com outra
            personagem; personagens que repentinamente são eliminadas do texto
            e que depois reaparecem. Também do ponto de vista do estilo, não há
            um dominador comum; passamos - sem motivo aparente - de narração
            em primeira pessoa para a narração em terceira; cartas se misturam
            e diários (íntimos; textos melodramáticos aparecem organizados
            sob forma de texto teatral, poemas pau-brasil, abaixo-assinados, um
            dicionário de bolso que não ultrapassa a letra L, diários de
            viagem, etc).
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