Nilze Maria de Azeredo Reguera tenta decifrar criticamente uma das obras
mais densas e radicais da escritora paulista Hilda Hilst, os cinco
textos em prosa reunidos no livro Fluxo-floema, publicado pela primeira
vez em 1970. A autora parte do princípio de que o livro delineia um
movimento de oscilação da artista, que tanto colocaria em cena quanto a
problematizaria a tradição modernista de que ela foi herdeira, por meio
de um questionamento implacável das utopias e do lugar que supostamente
caberia ao artista ocupar no final do século 20, em um contexto de
opressão. A leitura de cada um dos cinco textos de Fluxo-floema é
feita a partir da observação atenta dos procedimentos técnicos
empregados por Hilst, sobretudo o de alegorização, em uma abordagem que
vai paulatinamente desmontando e reorganizando os textos, nos quais a
linguagem é levada ao paroxismo da expressão inclusive a fim de celebrar
ritualmente a multiplicidade espiritual e sensorial do ser humano. A
pesquisadora também procura situar os cinco textos dentro do conjunto
da produção hilstiana, já que Fluxo-floema é um livro que dialogaria com
várias outras obras da escritora. Dessa forma, Reguera obtém
significados inusitados e atuais tanto do livro em questão quanto de
outros trabalhos de Hilst.
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