Neste romance introspectivo e poético, as guerras, como de hábito na
literatura de Amós Oz, estão presentes. Aqui, contudo, elas não são
guerras de quem pega em armas, mas guerras da intimidade. Exemplo disso é
o próprio Oz, que no livro aparece no papel de um escritor e faz
referência a uma tragédia pessoal: o suicídio de sua mãe, quando ele
tinha doze anos. A trama acompanha o entrelaçamento de triângulos amorosos. O principal
deles gira em torno de Albert Danon, um viúvo sexagenário. Seu filho,
Rico, após a morte da mãe, parte para o Tibete em busca de paz interior.
Durante sua ausência, a namorada, Dita, aproxima-se do sogro idoso em
busca de proteção, mas a relação acaba assumindo caminhos inesperados. O mesmo mar surpreende antes de tudo pelo alto grau de elaboração
literária, pela profusão e riqueza de suas formas. O enredo vai se
revelando numa sequência de seções curtas, compostas às vezes no tom
casual e ameno das conversas de todo dia, às vezes como parábola
bíblica, fábula, sonho ou poema. O mundo em que vivem as personagens de
Amós Oz é barulhento, mas o romance, paradoxalmente, cria um intimismo
que convida os leitores a se concentrarem no que elas estão dizendo.
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