Consciente de que tanto a poesia de Mário de Sá-Carneiro bem como o
sujeito lírico que (n)ela (se) constitui não se deixam prender, nem se
deixam apreender completamente – mesmo porque ambos estão em Dispersão,
como o título da obra estudada já anuncia – Ricardo Marques Martins
propõe o poema “A Partida”, que abre o volume, como porta de entrada
para a discussão de temas caros à modernidade e à poética de
Sá-Carneiro: o gênio (e os caracteres da diferença, do isolamento e da
criatividade), a composição do delírio poético, a busca do sonho, do
Ideal, do Absoluto. Conclui, em texto claro, limpo, consistente, que
todo esforço de retenção e de especificação precisa – de temas, de
características,
do sujeito poético – esvai-se em intensidade proporcional: quanto maior o
esforço para concentrar e reunir, mais o sujeito lírico (e aquilo que
lhe diz respeito) fragmenta-se, dispersa-se, escorrega-nos por entre os
dedos; hesita, detém-se, frustra-se por não conseguir satisfazer sua
alma nostálgica de além. Dá a ver,nas sensíveis leituras que Martins
propõe, o fazer poético original, refinado, instigante de Mário de
Sá-Carneiro.
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