Desde o século XIX, com o célebre detetive Auguste Dupin, de Edgar Allan
Poe, e a extensa cadeia de personagens e narrativas de mistério que em
maior ou menor medida descenderam dali – passamos, nesse prolífico
percurso, por Conan Doyle, Agatha Christie, Raymond Chandler, só para
citar alguns autores –, o gênero policial foi se consolidando e,
enquanto expandia progressivamente seu público, matizava-se e assumia
novas formas. Este estudo, fruto de longa pesquisa a partir dos
livros mais vendidos no Brasil no início do século XXI, debruça-se sobre
o romance policial “místico-religioso”, subgênero definido por Fernanda
Massi que se distancia um pouco das características tradicionais do
romance policial: nessas tramas, o crime se conecta a um segredo ligado a
um núcleo místico-religioso, em geral protegido por uma sociedade
fechada e secreta às voltas com o que ela supõe ser um inimigo
ameaçador. O repórter/investigador (que em tais obras nunca é chamado de
detetive) busca uma verdade que supera a identificação do criminoso,
tendo como alvo principal o segredo motivador dos crimes. Outra
característica singular é a tentativa, quase frequente, de
desmoralização da Igreja Católica. Isto ocorre através da oposição
/ocultação/ vs. /revelação/ de um segredo, fazendo que esse subgênero
tenha grande sucesso de público, uma vez que promete revelações
surpreendentes sobre essa poderosa instituição.
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