Desde a proposta do Memex de Vannevar Bush, na década de 40 que a visualização de um ambiente não linear de fluxo de informações ficou mais evidente. O que não era claro até este momento histórico eram as profundas transformações nas formas de nos comunicarmos através de textos que estão conectados por caminhos lógicos e não necessariamente com a formatação temporal. No texto As we may think (Como talvez nós pensamos) Vannevar Bush faz uma introdução aos sistemas de textos conectados e os compara com o modus operandi do cérebro humano. Esta lógica, colocada décadas mais tarde no ambiente da internet, potencializou a escrita coletiva, como Pierre Levy salienta, em um cenário, não só de mutações de linguagens, como também do nascimento de dinâmicas novas de conversações. A tese, transposta para este livro de Ana Munari, propõe principalmente os termos hiperleitura e escrileitura como modos de representar a interação entre os leitores de Harry Potter. O leitor aqui pode ser entendido em um contexto mais amplo, como sugere Roger Chartier, em A aventura do livro: do leitor ao navegador. Este autor usa a metáfora do navegador para explicar como o processo de cognição é modificado pela presença de um leitor mais engajado e que dialoga com seus pares e com o próprio autor. Pode-se pensar que este fato não é necessariamente novo e que autores e leitores sempre dialogaram de alguma forma. A questão aqui é que o “meio é a mensagem”, como diria McLuhan, e as formas intensas e distribuídas de conversação em rede tornam o diálogo uma expressão da coletividade, resultando uma nova obra por si só.
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