A partir da tentativa de criação de uma estética marxista, George Lukács
(1885-1971), em O romance histórico, livro escrito em seus anos de
exílio na Rússia stalinista, aborda como as revoluções interferiram no gênero e
como este serviu de instrumento para a reflexão sobre cada momento histórico. O autor húngaro desde cedo se dedicou ao gênero romance, tendo escrito ainda
na juventude A teoria do romance, livro polêmico, mas que o marcaria
como um teórico da cultura por toda a vida. Lukács, na época, partia de
posições hegelianas que remontavam ao platonismo, descrevendo o romance como a
epopéia da era moderna. Nesse livro, o autor defendia a polêmica tese que
situava o mundo clássico como cultura fechada, local em que havia respostas
para todas as perguntas, mesmo para as não formuladas. O romance, a partir de
seu surgimento ainda no século 17, seria a tentativa de resgatar essa
totalidade perdida, já que o ser humano se encontrava ao desamparo, abandonado pelos
deuses e em vias de fragmentação espiritual. A tentativa de dar conta de uma
completude, como sugere a narrativa romanesca, seria uma ação fracassada,
porque a opção pela modernidade introduziu o homem no universo da experiência,
local partido, de impasse, onde não prevalece a subjetividade nem qualquer tipo
de metafísica e suas consequentes explicações sobre a origem e a razão da
própria existência.
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