Um outro tom de Foucault. Um outro Foucault. Mais confessional e mais
próximo da literatura. O corpo utópico, As heterotopias reúne duas
conferências de 1966, que permaneciam inéditas até recentemente,
seguidas de um posfácio assinado por Daniel Defert.
"Em todo caso, uma coisa é certa, o corpo humano é o ator principal de
todas as utopias. Afinal, uma das mais velhas utopias que os homens
contaram para si mesmos não é o sonho de corpos imensos, desmesurados,
que devorariam o espaço e dominariam o mundo? É a velha utopia dos
gigantes, que encontramos no coração de tantas lendas, na Europa, na
África, na Oceania, na Ásia, esta velha lenda que há tão longo tempo
nutre a imaginação ocidental, de Prometeu a Gulliver." (O corpo utópico)
"Pois bem, sonho com uma ciência - digo mesmo uma ciência - que teria
por objeto esses espaços diferentes, esses outros lugares, essas
contestações míticas e reais do espaço em que vivemos. Essa ciência
estudaria não as utopias, pois é preciso reservar esse nome para o que
verdadeiramente não tem lugar algum, mas as hetero-topias, espaços
absolutamente outros; e, forçosamente, a ciência em questão se chamaria,
se chamará, já se chama 'heterotopologia'." (As heterotopias)
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